Sacrifico, pois, meu orgulho que diariamente me envenenava e sorrateiramente, aos poucos me sucumbia ao deleite da indiferença.
Sacrifico o tempo que por anos dediquei ao entendimento da situação em que me encontro, para que somente dessa maneira eu pudesse entregar-me por completo ao que as pessoas chamam de sentimento.
Sacrifico o passado já que a maior parte das lembranças se perdeu no mesmo caminho que percorreram as lágrimas antes de tocarem o chão. E de toda memória que ainda carrego, a que ainda me acompanha é a experiência.
Sacrifico o presente porque as cicatrizes do passado ainda provocam dores e por mais que os curativos tenham amenizado e escondido os traumas causados, sempre aparece alguém prometendo uma cura inovadora e inútil.
Sacrifico o futuro pelo simples medo.
E enfim, sacrifico a mim, "um sentimento tão puro que ainda não sabe a força que tem". Sacrifico meus desejos, minhas vontades, possíveis lágrimas que não chegarão a tocar o chão, sacrificando abraços que jamais poderão ser dados e recebidos, abrirei mão de beijos cheios de ternura e paixão por um propósito muito maior: a felicidade de quem ama e deixou-se amar.
Ludimila do Nascimento Bassan