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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A dor do coitado



Pobre homem de olhar manso e desconfiado
Ao meu ver, se tornou foi um pobre coitado
Coitado é aquele que não finalizou o coito
Talvez por isso esteja tão frustrado o coitado

Coitado era um sujeito até que persistente
Cidadão honesto, trabalhador autossuficiente
Cuidava da mulher do filho e de gente
Nunca se satisfazia, jamais estava contente

Um dia, coitado foi demitido do emprego
A mulher estranhou ele ter chegado tão cedo
Quando o filho viu, correu trazendo um brinquedo
E nesse dia ele não contou, coitado virou medo

Em todas as portas que batia, seu pedido era negado
Alguns nem abriam  e passavam olhando de lado
Como ele poderia alimentar a fome do seu filho amado
Se não fosse na padaria da esquina implorar um leite fiado?

E mesmo depois de tudo, Coitado não havia desistido
Nunca tinha decepcionado, sempre foi um bom partido
As contas aumentavam, ninguém sabia de onde tinham saído
E todas as noites mulher perguntava: onde andará o meu marido?

Eu só quis alguém pra me amar
Um lar pra morar
e um caráter pra me orgulhar
O que eu recebi foi só dor
Me diz por favor
Cadê o tal do amor?

Muitos anos haviam se passado
e ninguém mais teve notícias do Coitado
O filho cresceu meio desinformado
Em meio à correria ele era respeitado

Passava pelo bairro com arma na cintura
Cumprimentava quando passava a viatura
E a sua mãe em meio à vida dura
Ficava a pensar quando isso ia ter cura

Na vida que levava o chamavam de esperto
Em meio a uma discussão era só pá e ele era correto
Parou de estudar e se desviou do rumo certo
Sua mãe via o seu fim cada vez mais perto

Tudo combinado, a arma no esquema
Amigo do carro-forte hoje tem problema
Se um ficar corre! Esse era o dilema
Hoje é mais um morto, amanhã é tele tema

Tiroteio viu! Um já ficou
Jogo de xadrez permanece quem é doutor
Dinheiro, medo, fuga, dor
São essas palavras que descrevem o terror

O filho estava com um homem bem à frente
Nada lhe deu medo, estava armado até os dentes
Pá,pá,pá Atirou matou!
Nem deu tempo de correr tomou, pá,pá,pá

A mãe chorava nada melhorava
Não tinha nada a fazer estava desconsolada
Filho morto sendo velado
E sem saber tinha matado o Cidadão Coitado

Esse é um fato vivido por muitas famílias
Falta de união forma quase que quadrilha
Não há como ignorar a sentença da vida bandida
Se houver oportunidade aproveite a primeira saída
Evite o olhar de uma mulher que perdeu o seu filho
Foi fácil demais, disseram que foi só um tiro
Dor, revolta, mágoa, saudade
Palavras que perduram por uma eternidade


Eu só quis alguém pra me amar
Um lar pra morar
e um caráter pra me orgulhar
O que eu recebi foi só dor
Me diz por favor
Cadê o tal do amor?


Ludimila do Nascimento Bassan