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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ao meu menino

   

    Querido eu tive um sonho, foi o despertar mais lindo de todos os tempos. Sonhei que caminhávamos pela orla da praia, descalços conversando sobre nossos eternos planos para o futuro, relembrando nossos dias de luta, nossas derrotas para o orgulho, bem como a superação dos nossos medos.
    Na realidade, nossas conversas sempre me fizeram enxergar as situações por um outro ângulo que não era o meu, o que me fazia tomar atitudes pensadas e conscientes. Então, você segurou a minha mão e com a sinceridade que eu jamais tinha sentido antes, me perguntou qual era a sensação desse momento, com certeza era algo diferente que por mais que eu quisesse expressar em palavras não conseguiria. Minha respiração parou por segundos, o coração acelerado queria te chamar de louco, olhei para os lados procurando alguém que pudesse repreender tal atitude ao nos ver passeando de mãos dadas; porém ninguém disse nada. Senti meus olhos lacrimejando como se tudo pelo que passei nos últimos 19 anos tenham feito parte do caminho que me levou a tal momento, no lugar correto, na hora exata com a pessoa certa.
    Confesso que às vezes não sei o que dizer, que palavras seriam corretas para o instante em si, mas de uma coisa eu tenho certeza: você não está aqui por uma razão, apareceu sim em uma estação e não foi embora ao final dela, só me resta assumir que você é o homem que eu pedia em minhas orações. Não que não seja especial saber do seu passado, ou das pessoas que passaram pela sua vida; o que realmente lhe torna especial é o que você se tornou pela convivência com essas pessoas, são escolhas que te trouxeram até onde você se encontra através do que você extraiu, através da sua jornada. Tentei ir embora e não consegui, você também insistiu em algo que não era para ser seu.
    Ajoelhados diante de Deus pedimos em oração orientação de onde começar, se devemos continuar, o que é correto e se não for, que nos mostre o caminho. Esperamos a resposta e não fomos capazes de encontrar porque esquecemos de olhar para dentro de nós.
Durante todo esse tempo esteve claro! Foi nos ensinada a primeira lição, a paciência, esperamos, desde que nascemos encontrar a pessoa que  Deus nos preparou, mas não temos calma e saímos procurando, quebramos a cara, nos decepcionamos, colocamos nossas expectativas nas pessoas, e essa é a maior besteira que fazemos, porque os humanos erram por não terem paciência de analisar a situação, além de não sermos capazes de enxergar com os olhos e coração de Deus.
    A segunda lição nos é apresentada quando nossos pais começam a nos dar conselhos, no começo nos tornamos rebeldes insensatos, querendo controlar a própria vida, achando que somos capazes de decidir o rumo que nossa vida irá tomar, estamos errados e necessitamos saber ouvir o que os sábios e experientes tem a nos contar sobre suas vivências e poder extrair o máximo de conhecimento possível, nesse momento aprendemos sobre humildade.
    A terceira lição não é bem uma lição, mas é extraída através da convivência; passamos a conhecer as fragilidades do nosso próximo, suas qualidades e suas particularidades, começamos a admirá-lo por uma razão: por ele ser exatamente algo que você não é, mesmo com tantos pontos a serem melhorados. Essa admiração traz consigo o respeito.
    Ao final dessa jornada, vou ser bem direta, vem o perdão. Perdoar é um exercício para a própria mente e com certeza é um dom que não vem dos seres humanos, é algo sobrenatural, de origem divina. Perdoar não é para os fortes, nem para os fracos, o perdão, na realidade é para aqueles que tem a humildade de ouvir, a paciência de reconhecer uma resposta de Deus, o respeito por reconhecer as fragilidades do próximo para poder enxergar nele as suas mesmas fragilidades, e a simples admiração que foi adquirida através da convivência, da amizade, do companheirismo. O perdão não vem de nós, porque se viesse, as pessoas jogariam na cara uma das outras tudo o que se passou, e as culpariam por tudo. Ao perdoar alguém você transfere toda a culpa dessa pessoa para a sua responsabilidade, é uma vida que você carrega consigo.
    Por esses motivos, meu menino, eu posso dizer que tudo o que eu vivi nos poucos anos que tenho de vida, me trouxeram até você. Agradeço a Deus por cada dia que ele me disponibilizou para fazer do propósito dele motivo de orgulho. E muito além disso, por ele ter me dado a capacidade e a chance de amar você.


Ludimila do Nascimento Bassan